O Dia em Que eu Quase Desisti de Empreender em TI

Minhas mãos estavam tremendo, crise de ansiedade, tive que parar o carro em um local que era deserto para me recompor. O local em si não era perigoso, era uma rodovia de baixa intensidade e não tive dificuldades em parar o meu carro no acostamento. Me lembro bem, era um Fiat Palio Prata, bem econômico e funcional.
Estava nesse estado devido a uma ligação de um cliente, na verdade o meu mais importante cliente na época. Clara (nome fictício), uma gerente da empresa que eu prestava serviços estava cobrando algo que não me lembro bem, mas eu lembro que estava furiosa. E esse tipo de situação estava ficando constante.
E como eu cheguei neste ponto? Bom, meu nome é Rafael Bernardes, sou profissional da área de Tecnologia da Informação. Antes do fato acima acontecer eu era o que conhecemos no Brasil como “o menino do computador”, que tem habilidades variadas entre “mexer” em computadores e celulares até mesmo programar aparelhos de ar condicionado, câmeras e alarmes de segurança, cabeamento, mestre ninja em whatsapp (procurado pelo incrível conhecimento de omitir a notificação de leitura) entre outras coisas mais.
Após trabalhar como estagiário, consegui ser técnico de bancada de uma loja de computadores no Rio de Janeiro. Conheci muita coisa legal de hardware e fui me iniciando no mundo do suporte técnico. A loja que eu era funcionário tinha atendimento técnico para os equipamentos vendidos e era bem comum avistar de longe os clientes, chateadíssimos, carregando aqueles “trambolhos” pela escada para colocar na bancada e então dizer a famosa frase: “Não fiz nada e ele (o computador) parou do nada”.
Essa era uma época feliz! Sem grana, mas sem muitas preocupações. Consegui uma excelente experiência no local e claro, conseguia vários “bicos” por fora. Sempre tinha algum serviço extra de cliente que não queria levar o computador na loja e marcava com os técnicos fora do horário de atendimento ou aos finais de semana. Atire a primeira pedra o profissional de TI que nunca fez isso! (comenta aí)
Com o tempo comecei a realizar serviços mais interessantes, em pequenos escritórios. Fiz a minha pequena base de clientes e então comecei a estudar redes Microsoft. E agora que vou revelar a minha idade: Estudei o Windows Server 2000 (na época super novidade, desbancando o NT).
Em um determinado momento, cansado da rotina diária de técnico de bancada e com o sonho de ter meu próprio negócio, eu resolvi pedir demissão e tentar a sorte como empreendedor. Fechei o contrato com alguns clientes e logo estava “ganhando” a mesma coisa. Eu coloquei o ganhando entre aspas porque na verdade eu não contabilizava os benefícios extras que o emprego de carteira assinada me proporcionava, calculava tudo errado e achava que estava tudo bem.
E assim foi seguindo a minha carreira como empreendedor. Consegui vários clientes e até uma pequena equipe. Mas tudo isso iria ruir em breve e você não vai acreditar o porquê!
O grande problema do técnico de informática que deseja empreender é que ele não pensa muito além da parte técnica. Tudo para mim era solução disso, programinha daquilo, CD/DVD de instalação, etc.
E coisas importantes como: Pré-venda, pós-venda, qualidade, reciclagem e gestão do negócio (isso só para citar alguns itens) eu simplesmente ignorava. Eu era o técnico brincando de ser empresário.
O curioso é que até que funcionou por algum tempo, muito tempo na verdade. E isso que foi o grande motivo para tudo dar errado e eu quase desistir do meu sonho: Eu acertei errando, por tempo demais.
Eu sempre falo, até mesmo um relógio quebrado acerta duas vezes por dia. E eu estava assim, acertando ao acaso. E um belo dia isso acabou comigo, quase detonou a minha saúde e o meu sonho de vida.
Se lembra da Clara? É aí que ela entra. Eu fechei o primeiro cliente “sério” de suporte e esse foi o grande problema!
Sim, o meu grande problema foi ter conseguido um bom cliente. Parece brincadeira, mas é a verdade. O cliente era bom, a empresa tinha nome no mercado, mas simplesmente não tinha estrutura empresarial mínima para lidar com a situação.
Em um livro (Evergreen, Noah Fleming, apenas em inglês) eu li algo semelhante. Uma empresa de bolos que faliu por ter conseguido mais de 800 clientes novos no mês. Anunciou no groupon e não tinha pessoal para atender a demanda, correram para contratar novos funcionários e não tiveram tempo para capacitar eles corretamente. Resultado, caiu o padrão e a marca foi detonada pelos novos clientes, de maneira brutal.
Comigo foi parecido, a Clara estava exigindo apenas o que qualquer cliente de TI de médio porte exigiria. Eu é que não estava preparado, não tinha equipe treinada suficiente, quando um técnico falhava eu não tinha uma solução. O que me segurou muito tempo foram os técnicos mais antigos, que foram rapidamente sobrecarregados.
E nesse dia que eu mencionei no início deste textão eu cheguei no limite. Me desculpei com a Clara e decidi que bastava, não era isso que eu queria para a minha vida. Ser escravo do meu sonho não era o meu objetivo. Eu precisava saber como lidar com essas coisas, precisava me tornar um empreendedor de verdade!
Não desisti, batalhei por isso. Mas não preciso dizer que a Clara cancelou o meu contrato e eu tive certo prejuízo, mas ao menos com saúde para seguir adiante.
Fiz muitos cursos, aqui no Brasil e depois fui conseguindo viajar para fora. O inglês se tornou uma barreira, mas eu eliminei isso assim que pude. Não foi fácil, vieram muitas outras Claras, rsrsrs.
Mas eu até que fiquei com saudades, pois os desafios se tornaram cada vez maiores, a Clara nem era tão difícil assim, só queria ser bem atendida. Os novos clientes eram mais exigentes e chatos com pagamento e investimento. Precisei aprender como cobrar, exigir meus direitos e o principal: Como fazer o cliente investir em TI.
E me tornei expert em “fazer o cliente gastar mais”, ou melhor, “fazer o cliente investir mais em TI”. Era bem comum eu chegar em um cliente que diziam que nunca investia em TI e conseguir que eles investissem em um ano mais do que toda a história da empresa.
Comecei a estruturar meus processos, contratei novas pessoas e agora tinha até documentação das redes de meus clientes! Isso eu sei que é o sonho de todo administrador de redes J
Hoje eu sou reconhecido pelo meu trabalho. Tenho premiações da Microsoft (MVP, IT Hero, MiVP) e organizo o meu tempo entre as minhas empresas e a contribuição para a comunidade técnica do Brasil. Faço transmissões ao vivo pelo Facebook toda segunda-feira.
Enfim, eu não desisti e continuo com sonhos maiores ainda. Mas agora você sabe o meu segredo: Nem sempre foi assim!
E se eu, que não nasci em berço de ouro, não tinha faculdade na área, não sabia falar inglês, não tinha habilidades incríveis… (e a lista segue). Se eu consegui, meu amigo, você também consegue.
Você pode agora estar desmotivado, cansado de não ser reconhecido e de não ter tempo de estudar e muito menos de aproveitar a sua vida. Achando que não dá mais e que TI é para maluco.
Eu passei por isso, e sei que existe um caminho, existe um método, existe uma fórmula que talvez você ainda não tenha tido acesso, mas vai ter! Ah se vai!
E eu vou fazer a minha parte. Se quiser a minha ajuda eu te convido a participar do meu novo projeto: Um treinamento gratuito para empreendedores em TI
http://www.bernardes.com.br/empreendedorismo-em-ti-express-aula1/
Você decidindo ou não se inscrever, eu gostaria de ouvir a sua história como profissional de TI e empreendedor. Você já tentou? Não tentou? Por que?
Tenha coragem e escreva, compartilhe e defina o seu próprio futuro em direção à realização do seu sonho!
Vida longa e próspera.
Rafael Bernardes
 
 
 
 
 
 
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